quarta-feira, 23 de maio de 2018

Quem eu sou

"Eu canto pelo amor, eu canto por mim. Eu grito forte como um pássaro por liberdade." - Bird Set Free, Sia.

Olá, faz tempo, muito mudou e muito insiste em permanecer o mesmo. Quem sou eu agora? Quem eu era? Bom, hoje sou uma cantora, uma sobrevivente, uma artista, sou tantas coisas que as vezes me perco em mim mesma. Faço terapia há 6 anos e luto contra diversos distúrbios e transtornos, tais como: síndrome do pânico, depressão, ansiedade, bulimia, fobia social...talvez seja só isso, talvez seja mais. Essas patologias não me definem, mas fazem parte de mim e me assombram todos os dias, a todo momento. Decidi retomar o costume de um diário virtual para depositar meus pensamentos e tentar organizar meus sentimentos. Recentemente passei por eventos que fizeram com que eu retornasse a parte mais obscura de mim e ainda não consegui retornar. Diferente de quando eu tinha 16 anos e tudo explodiu, agora eu tenho pessoas para me dar suporte. E sinceramente isso tanto me assusta quanto me conforta. Se eu não for bem com o suporte deles, então não faria diferença se eles estivessem lá antes porque a resposta é que o problema está em mim e somente em mim.

Meus dias tem sido vazios de propósito ou sentimentos que não sejam tristeza e decepção. Sair da cama requer uma quantidade de força e vontade que eu simplesmente não tenho, as tarefas do dia a dia se tornaram pesarosas. A maioria das pessoas não é capaz de compreender a força requerida para enfrentar essas coisas, mas é muita, mais do que eu pensava ser capaz. De fato, tenho andado anestesiada, nada faz diferença, e isso é uma tortura. Sentir dor é horrível, mas não sentir nada é perturbador. Esse é um dos motivos do meu canto, ao cantar eu posso sentir, posso canalizar as emoções e transmiti-las ao mundo. Tudo que eu não consigo expressar em diálogos normais, não consigo verbalizar, eu consigo colocar na minha voz. E isso me salva, dia após dias, é um dos poucos momentos em que eu sinto de verdade. Me impede de fazer qualquer coisa que cause danos físicos para sentir algo, mesmo que ruim.

Tem dias em que eu só quero gritar, dias em que me fecho e só canto, e parece que só isso me mantém viva, a questão é que não sei por quanto tempo eu vou aguentar. Ao menos eu tenho algo, uma vontade ainda viva dentro de mim e eu me agarro a isso, eu não posso deixar que se apague, não posso deixar que eu me apague. Apesar de não sentir nenhum vestígio de forças em mim.

quarta-feira, 19 de abril de 2017

Não sei se consigo

*Olá, sei que estou há mais de um ano sem postar e que isso é muito tempo, mesmo assim, mesmo com tantas coisas tendo se passado, me achei em necessidade de vir falar. Obrigada por estar aqui. Bom, eis o texto.

“Eu tento me manter quente, mas eu apenas fico mais fria. Eu sinto que estou me perdendo.”
-Beauty from Pain, Superchick

Você já sentiu que não pertencia ao mundo no qual vivia? Ou pior, que não pertencia a nenhum mundo? Existem tantos blogs e relatos de adolescentes em depressão, até mesmo crianças, mas adultos...bem, isso é raro. Acho que é porque quando nos tornamos adultos perdemos essa opção. Tudo passa a ser uma grande bola de neve de responsabilidades, contas, deveres, e pressão. É claro que não sou tão velha quanto minha alma, tenho apenas 21 anos, mas creio que passar por essa transição de ser uma adolescente para ser uma jovem adulta está trazendo a tona medos antigos. Quando tentei o suicídio pela primeira vez eu o fiz, dentre tantos outros motivos, porque tinha medo de passar o resto da minha vida me sentindo daquela forma, triste e sem esperança. Agora, parece que eu estava certa em alguns pontos.

Eu pensava “Eu posso melhorar, mas nunca melhorar por completo” e as pessoas a minha volta diziam que eu estava errada e que um dia eu estaria 100% melhor. Eu melhorei, melhorei bastante, mas me parece que encontrei um impasse. Não há um estágio de cura maior que isso, eu sempre vou precisar lutar contra mim mesma e por isso eu não sei se me encaixo nesse mundo. Esse mundo onde todos emulam emoções para serem aceitos socialmente. Tenho que trabalhar, tenho que estudar, mas e se naquele dia em que tenho algo pra fazer eu esteja me sentindo um lixo? Eu deveria ser forçada a sair de casa? Eu deveria ser forçada a colocar um sorriso no rosto e ir fazer o que quer que seja que eu tenha que fazer? Não acho correto, não sei me adaptar. Eu tento todos os dias e as vezes consigo, mas as vezes eu falho miseravelmente. As vezes volto pra casa procurando um motivo para ainda estar viva.

E o que mais me preocupa é o fato é que agora já se passou tanto tempo, pessoas entraram na minha vida, pessoas que eu não aguentaria machucar, que não entenderiam se eu me fosse. E agora? Uma bomba que pode explodir a qualquer momento e machucar a todos a sua volta, uma bomba que tenta todos os dias se desarmar, é isso que sou, uma bomba armada por anos. Talvez, se essas pessoas a quem amo tivessem entrado na minha vida mais cedo eu não estivesse assim. É tarde demais, algumas feridas nunca vão cicatrizar completamente, um dia ou outro elas vão sangrar e eu tenho que ser forte, todos os dias pelo resto da minha vida. Só que isso é desesperador e eu não sei se consigo, não sei se consigo viver com tudo isso a minha volta.

Não, eu acho que não consigo.


Purple Butterfly.

segunda-feira, 21 de março de 2016

Eu vou ficar aqui, em algum canto

*Gente, desculpem a ausência, muita coisa acontecendo e eu acabo dando essas pausas enormes no blog. 

"Desculpa se eu pareço desinteressada. Eu não estou ouvindo, eu sou indiferente. Na verdade eu não tenho nada pra fazer por aqui, mas já que os meus amigos estão aqui, eu vim pra curtir. Mas realmente eu preferiria estar em casa sozinha e não nesta sala com pessoas que não se importam mesmo com o meu bem-estar. Eu não sei dançar, não pergunte, eu não preciso de um namorado. Então, você pode voltar, aproveite a sua festa. Eu vou ficar aqui, em algum canto (...)"
- Here, Alessia Cara


Vocês já entraram numa festa, numa sala, e sentiram que simplesmente não deveriam estar ali? Acho que sim, acho que todo mundo já sentiu isso pelo menos uma vez na vida. Agora, e se essa sensação for constante? Essa sensação de que não importa onde você esteja, você simplesmente não se encaixa, de que não faz muita diferença a sua presença e tanto faz se você vai ficar quieta em algum canto ou não. Eu vivo com essa sensação. Todos a minha volta muito bem, de boas com a vida, enquanto eu estou aqui, em algum canto. De vez em quando faço alguma coisa, mas a verdade é que ficar quieta é o que eu mais faço.

Não sei direito o motivo, mas a maioria das coisas me desinteressa, então poucos são os lugares nos quais eu realmente quero estar. Na maior parte do tempo eu fico no meio quarto, fingindo que não existo na esperança que alguém note que seria legal parar pra conversar comigo e me dar um abraço. Mas tudo bem, já me acostumei com tudo isso e acho que até lido bem. Solidão já é meio que meu estado normal. Então...eu vou ficar aqui, em algum canto, tentando cumprir o que eles chamam de "vida". Me chamam de anti-social, mas a verdade é que quando você se machuca demais, ficar num canto, no seu quarto, se torna a melhor opção.

Eu não sei se ainda tem alguém acompanhando o blog, mas se tiver, dê sinal de vida. Se não, tudo bem, acho que ser importante  nunca foi meu ponto forte mesmo.

Purple Butterfly

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Desabafo



Eu nem sei mais se vocês ainda visitam meu blog, mas eu preciso falar e este ainda me parece ser meu lugar seguro. Eu tinha melhorado muito, aprendido a lidar com meus sentimentos, mas de umas semanas pra cá eu tenho sentido que a depressão está voltando com força total. Não quero comer, não quero sair da cama (O que me força a sair é a faculdade), estou sofrendo por um relacionamento que não tem a menor chance de ser reatado e que foi findado há mais ou menos um ano.

Em casa as coisas não estão das melhores, quando minha mãe briga comigo o discurso dela me faz sentir desmerecedora de uma boa vida. Talvez ela esteja apenas querendo me ajudar, esteja cansada, é preciso compreendê-la, mesmo assim suas palavras mexem em minhas feridas, talvez porque eu mesma não me considere merecedora de nada. E falando em feridas, volta e meia todas as lembranças de quando eu sofria bullying retornar e me fazem reviver aqueles momentos. É como se estivesse tudo acontecendo de novo na minha mente todos os dias.

Não tenho certeza de mais nada, me sinto perdida, não gosto do meu corpo, da minha aparência, não estou feliz com o rumo da minha vida, mas estou tentando fazer o melhor que posso. Todos os planos que fiz para mudar minha situação foram frustrados. Estou cansada de lutar e não tenho coragem de desistir.

Se você se identificou de alguma forma, deixe um comentário. Talvez possamos não nos sentir tão sozinhos.

Grande abraço,

Purple Butterfly

segunda-feira, 29 de junho de 2015

Por favor, leiam.


Olá, anjos, como estão? Faz tempo que não escrevo. Depois que ouvi que eu falava que estava triste pra chamar atenção meus meios de me expressar se fecharam de certo modo. Mas eu vim aqui porque não sei quanto tempo mais vou estar por perto, digo viva, talvez eu finalmente tome coragem mais uma vez e consiga acabar com tudo. Então existem algumas coisas que eu quero que saibam.

Meus são considerados egoístas por muitos e eu talvez seja chamada de covarde e etc, mas isso não muda o que eu sinto. Todos os dias sinto esse desespero que queima em dor alucinante cortando meu peito e fazendo com que respirar se torne uma tortura. Meus pais já estão muito feridos, minha mãe não me suporta mais. Eles dão seu melhor por mim, mas eu não sou o melhor pra eles. Aceito minha culpa e tenho que pagar por isso, pagar pelo mal que fiz a eles durante esses anos. Uma última vez irei machucá-los e em meses ou menos a ferida irá sarar.

Não sinto liberdade, me sinto presa a uma gaiola da qual não consigo me libertar. Nada mais faz sentido, exceto findar minha vida. Todos os dias minha mente me atormenta com lembranças que eu desejava não ter. Memórias sobre humilhações, bullying, abandono...Tudo aquilo que eu desejava esquecer. Meus pscicólogos e todos dizem que só depende de mim e que agora só eu posso me ajudar. Não há mais jeito, porque eu realmente não consigo fazer muito por mim. O que eu tinha de mais precioso era a minha relação com minha mãe, mas isso se quebrou, e agora, me sinto sozinha quase o tempo todo.

Quanto a vocês, tenho alguns pedidos a fazer: não desistam, eu sei que há guerreiros mais fortes que eu aqui. Não acreditem nas mentiras que te contam, se o fizer um dia você não poderá mais se livrar delas. Não se machuquem, vocês são perfeitos. Sigam em frente, vocês são lindos e eu queria abraçar cada um de vocês. Obrigada por tudo, não sei como vou ficar, mas eu precisava falar isso pra vocês.

Gratidão eterna,

Caroline (Purple Butterfly).
"As vezes dá preguiça, na areia movediça. Quanto mais eu mexo mais afundo em mim."
Danni Carlos